Ética ou Ideologia
2011/01/07 18:14
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Sei que a dicotomia que escolhi para intitular este texto é excessiva. Ética e ideologia não se contrapõem e antes se devem reforçar mutuamente. Mas a questão é outra. A destruição metódica da equidade social levada a cabo pela visão neoliberal da globalização é uma questão sobretudo ética ou sobretudo ideológica?
Do meu ponto de vista a sua raiz é ideológica e não ética e por isso é nessa perspectiva que se tem que travar o combate contra a contaminação redutora que a afirmação de sociedades de mercado está a provocar em todo o planeta.
Tem mais impacto do ponto de vista comunicacional alertar para o risco de asfixia da economia real pelos mercados financeiros, com base em exemplos de corrupção, enriquecimento ilícito, assimetrias de acesso aos bens e aos serviços, excessos remuneratórios ou operações pouco transparentes. Mas será esse o caminho mais eficaz?
Penso que não é eficaz e é perigoso. A ética ou a falta de ética não é característica duma visão específica de modelo de sociedade. Em sociedades menos infiltradas pela lógica dos mercados, existem níveis de corrupção ética que não são necessariamente menores.
As experiências de operações “mãos limpas” têm aliás dado origem sistematicamente a vazios ideológicos generalizados, por onde medra facilmente o populismo sem alterações de fundo no padrão ético, sem que daí resultem alterações substantivas no modelo de sociedade e na promoção da equidade social e económica.
É aliás muito significativo relevar a liberdade de investigação e denuncia que está subjacente à sociedade aberta em que vivemos. Não podemos deitar fora o bebé com a água do banho.
É verdade que a uma economia de mercado não tem que corresponder uma sociedade de mercado, mas também é verdade que essa sociedade de mercado, na Europa, nos EUA e em muitas sociedades democráticas é uma sociedade onde prevalece a liberdade de expressão e de opinião. E é essa liberdade de expressão e de opinião que se bem utilizada pode ajudar a melhorar o mundo.
Usá-la como arma de denúncia pode arrasar o terreno, mas nada garante que nele não voltem a nascer as mesmas ervas daninhas, muitas vezes ainda mais vigorosas e resilientes.
A chave está na mudança na transformação, na inovação nas ideias e nos modelos e na formulação e concretização de narrativas mobilizadoras alternativas, baseadas na sustentabilidade económica, social e ambiental.
Conseguir esta transformação exige valores fortes e consistentes. Sem dúvida que se trata de um combate ético e de cidadania. Mas é antes de mais um combate ideológico. Caso contrário ensina -nos a experiência das últimas décadas que será uma luta meritória mas condenada ao fracasso.
É fundamental ter as “mãos limpas”, mas isso de pouco servirá se não soubermos o que fazer com elas para tornar o mundo melhor.
Do meu ponto de vista a sua raiz é ideológica e não ética e por isso é nessa perspectiva que se tem que travar o combate contra a contaminação redutora que a afirmação de sociedades de mercado está a provocar em todo o planeta.
Tem mais impacto do ponto de vista comunicacional alertar para o risco de asfixia da economia real pelos mercados financeiros, com base em exemplos de corrupção, enriquecimento ilícito, assimetrias de acesso aos bens e aos serviços, excessos remuneratórios ou operações pouco transparentes. Mas será esse o caminho mais eficaz?
Penso que não é eficaz e é perigoso. A ética ou a falta de ética não é característica duma visão específica de modelo de sociedade. Em sociedades menos infiltradas pela lógica dos mercados, existem níveis de corrupção ética que não são necessariamente menores.
As experiências de operações “mãos limpas” têm aliás dado origem sistematicamente a vazios ideológicos generalizados, por onde medra facilmente o populismo sem alterações de fundo no padrão ético, sem que daí resultem alterações substantivas no modelo de sociedade e na promoção da equidade social e económica.
É aliás muito significativo relevar a liberdade de investigação e denuncia que está subjacente à sociedade aberta em que vivemos. Não podemos deitar fora o bebé com a água do banho.
É verdade que a uma economia de mercado não tem que corresponder uma sociedade de mercado, mas também é verdade que essa sociedade de mercado, na Europa, nos EUA e em muitas sociedades democráticas é uma sociedade onde prevalece a liberdade de expressão e de opinião. E é essa liberdade de expressão e de opinião que se bem utilizada pode ajudar a melhorar o mundo.
Usá-la como arma de denúncia pode arrasar o terreno, mas nada garante que nele não voltem a nascer as mesmas ervas daninhas, muitas vezes ainda mais vigorosas e resilientes.
A chave está na mudança na transformação, na inovação nas ideias e nos modelos e na formulação e concretização de narrativas mobilizadoras alternativas, baseadas na sustentabilidade económica, social e ambiental.
Conseguir esta transformação exige valores fortes e consistentes. Sem dúvida que se trata de um combate ético e de cidadania. Mas é antes de mais um combate ideológico. Caso contrário ensina -nos a experiência das últimas décadas que será uma luta meritória mas condenada ao fracasso.
É fundamental ter as “mãos limpas”, mas isso de pouco servirá se não soubermos o que fazer com elas para tornar o mundo melhor.
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