Hino à Liberdade
Estamos quase a atingir o meio século de vida em liberdade, conquistada com coragem pelo Movimento das Forças Armadas, que soube vencer a ditadura com cravos nas baionetas, na inesquecível revolução ocorrida em 25 de Abril de 1974.
49 e nove passaram e em cada ano fomos vivendo abril de acordo com cada tempo e com cada contexto. Vivemos o abril da preservação do pluralismo, o abril do acolhimento aos que tiveram que regressar, o abril das lutas sindicais, o abril dos direitos conquistados, o abril das crises e das euforias, o abril dos que nunca gostaram e não gostam de abril.
Hoje vivemos o abril que temos, em que os casos e as polémicas emanam nuvens de fumo sobre o muito que fomos progredindo em democracia. Tal como nos cantouManuel Freire, “não há machado que corte a raiz ao pensamento”. Muito menos haverá fumarada que lhe corte a liberdade.
Os tempos crispados que vivemos são possíveis porque somos livres. Somos livres também de transformar uma celebração histórica numa novela infinda sobre a visita do Chefe de Estado de um grande País irmão a Portugal.
Lula da Silva quer recuperar para o seu País a liderança de um requentado movimento de não alinhados que foi marcante durante a Guerra Fria. Portugal e a grande maioria dos portugueses já expressaram de múltiplas formas que em relação à defesa da liberdade e da soberania dos povos não há não alinhamentos que façam sentido. Como se costuma dizer em linguagem futebolística, não alinhar é beneficiar o infrator.
Dito isto e até por isto, a vinda de Lula a Portugal deve ser assinalada e recordada como um hino à liberdade. À liberdade de divergir ou de convergir. À liberdade de influenciar. À liberdade de sonhar, como eu sonho, que uma vez terminada a guerra e respeitado o direito internacional, o mundo não se frature em dois blocos alimentados pelos interesses dos senhores da guerra e antes se organize em rede multilateral para conseguir fazer face aos grandes desafios com que a humanidade se confronta.
Desafios como a fome, a seca, a desinformação, a doença, a desigualdade, o totalitarismo, ou a discriminação que só juntos poderemos ambicionar vencer. Fizemos abril pela democracia, pelo desenvolvimento e pela descolonização. São 3 bandeiras que continuam hoje mais atuais que nunca para darmos voz e ferramentas aos cidadãos para que seja possível um desenvolvimento justo e sustentável, sem tutelas ou novos colonialismos.
Fizemos abril pela liberdade. Ser livres é o mais precioso dom a que podemos aceder. Viva Abril. Viva a Liberdade.