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Em Carne Viva






Entre 22 e 24 de fevereiro participei em Freetown, capital da Serra Leoa na décima terceira reunião bilateral entre a União Europeia e os dezasseis países que englobam a região da África Ocidental. O objetivo da reunião foi passar em revista a aplicação dos acordos comerciais e de cooperação, avaliar o seu impacto e preparar a nova geração de acordos pós 2020.



Embora a cooperação direta e o apoio desenvolvido por muitos milhares de organizações não governamentais tenham contribuído para mitigar os mais graves problemas de sub-desenvolvimento, largos territórios daquela região são hoje espaços de desesperança, sobretudo para as novas gerações, que tendo perdido o seu enraizamento cultural e deslumbrados pelo acesso fácil através da televisão e da internet ao que acontece noutras zonas do globo, se sentem impotentes para transformar o sonho que criam em realidade.



Menos de vinte por cento das novas gerações têm um trabalho estável e mesmo esse, é a maioria das vezes um trabalho remunerado por valores abaixo dos níveis mínimos para a subsistência digna. As elites dominantes controlam a mobilidade social e o acesso aos recursos básicos de educação, saúde e bem-estar, e cerca de metade dos jovens não têm qualquer ocupação na economia empresarial ou social, mesmo que irregular, sobrevivendo na mescla duma economia de troca e dependência incipiente.



Este quadro escancara as portas para que sejam facilmente aliciados pelas redes ilegais de tráfico ou extração, pelos exércitos flutuantes que se movimentam de guerra em guerra ou pela máquina organizada que promove a migração de milhares de pessoas, que não tendo nada a perder, nem mesmo a esperança já destruída de se  poderem realizar  na sua terra, se entregam às redes que comercializam sonhos pelos trilhos de África e pelas barcaças ilegais com que os enviam em busca das costas da Europa.              



É verdade que a União Europeia é a zona do globo que mais afeta percentagem da riqueza criada à cooperação e ao desenvolvimento e que é responsável por +muitos projetos exemplares. É verdade que alguns países conseguiram evoluções notáveis, de que Cabo Verde é um exemplo bem evidente. É verdade que nos futuros acordos de cooperação, sobretudo tendo em conta o Acordo de Paris, se deve exigir mais dos Estados e sobretudos das empresas que exploram os recursos naturais, para que seja assegurada a sustentabilidade económica, social e ambiental de todos os territórios.



Mas a ausência de razões de esperança para as novas gerações africanas, desprotegidas pelas elites, ligadas aos sonhos de uma vida diferente pelas comunicações fáceis, mas desligadas deles pela realidade política, social e económica que os envolve, é uma realidade chocante. Claro que isto não acontece só em África e em particular na África Ocidental, mas ali foi onde o senti mais em carne viva. Só curando estas feridas poderemos combater a indignidade e turbulência que vai corroendo o mundo em que vivemos.


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