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Audição


 

 

Por decisão do grupo dos Socialistas e Democratas do Parlamento Europeu foi-me atribuída a função de abrir em nome desse Grupo a audição ao Comissário indigitado por Portugal, Carlos Moedas, no domínio da sua área de responsabilidade, ou seja, no domínio da Investigação, da Ciência e da Inovação.

 

Antes de chegarmos à audição de Moedas muita água tinha passado debaixo das pontes. O PS defendeu que em nome do interesse nacional o Governo apresentasse uma lista de potenciais Comissários que nos permitisse ter uma pasta de relevo no domínio da conclusão da arquitectura da União Económica e Financeira (UEM). Teria sido uma decisão boa para Portugal mas que o Governo não seguiu.

 

Depois da rábula com Maria Luis Albuquerque, o governo indigitou Carlos Moedas. Com intenções que posso imaginar mas não comprovar, foi proposto não obstante o perfil do indigitado, entregar-lhe a pasta do Emprego. Batemos-mos contra isso. Como tive oportunidade de escrever na altura prefiro uma belga com sensibilidade social do que um português especializado em empobrecimento e desemprego para cuidar dos temas da criação de emprego na Europa.

 

A verdade é que de forma legítima embora politicamente discutível o Governo manteve a aposta em Carlos Moedas e Juncker acabou por lhe atribuir a pasta da Investigação, da Ciência e da Inovação. É sem dúvida uma pasta relevante e não havendo flexibilidade do Governo quanto ao indigitado, era pelo menos uma pasta em que os danos feitos em Portugal só indirectamente lhe podem ser atribuídos. Passos Coelho e Nuno Crato são os paladinos do ataque à ciência, ao conhecimento e à inovação em Portugal.  

 

Ao ficar com a Investigação, a Ciência e a Inovação, Carlos Moedas passou a ficar sobre o escrutínio directo da Comissão do Parlamento Europeu que segue a Indústria, as Telecomunicações, a Investigação e a Energia (ITRE) e na qual sou o único deputado português efectivo. Parti para essa tarefa com uma convicção. A luta política nacional travou-se até à indigitação. Uma vez indigitado o Comissário, o importante era obter compromissos e criar condições para que o seu desempenho possa servir o interesse dos europeus em geral e dos portugueses em particular.     

 

Carlos Moedas foi aprovado. Comprometeu-se na sequência da minha pergunta em tentar capturar parte do programa de Crescimento e Emprego defendido por Juncker para a Inovação e para a Investigação. Foi menos assertivo no compromisso de se bater contra os cortes do Conselho Europeu no financiamento do Horizonte 2020. Lembro ao terminar a lenda de Salomão e das duas mães que reclamavam como sua a mesma criança. Quem acredita no papel decisivo da Investigação, da Ciência e da Inovação não pode começar por fragilizar o Comissário que se vai bater por elas, com base em argumentos de política interna. Pode e deve é manter-se atento e vigilante. É o que farei.    

 

 
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