Visto de Casa (10/05)
2020/05/10 09:50
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O famoso buraco de ozono sobre o Ártico fechou. Em contrapartida a nossa vida está toda esburacada. São os contrastes do novo tempo.
Gosto muito de ler jornais e revistas, sempre quepossível em papel, que depois coloco na reciclagem. Já houve um tempo em que começava pelas páginas desportivas e outro em que dava primazia às económicas. Hoje já não.
Procuro manter-me informado sobre aquilo que é fundamental para exercer as minhas funções, mas gosto cada vez mais de seguir o meu instinto e de ler sobre temas que me ajudam a alargar horizontes e a ter uma perspetiva global da realidade e das suas dinâmicas. Este exercício é agora mais complexo do que era antes.
Por exemplo, sobre o tema do esforço global para encontrar uma vacina para enfrentar o COVID19, sobre o qual já aqui escrevi algumas vezes, num só jornal (ou telejornal, embora esse não seja o meu foco hoje) podemos encontrar notícias, opiniões e relatos de estudos, absolutamente contraditórios. Isso gera medo, incerteza e desconfiança. Podia não ser assim.
Já aqui defendi, que embora não escondendo as diferentes visões, os órgãos de comunicação socialdeviam definir uma linha editorial que permitisse uma leitura mais fácil daquilo que publicam. Também já argumentei que as divergências se devem sobretudo à incerteza do alvo e à complexidade do tema. Hoje junto um terceiro argumento menos benevolente.
Há muita gente que quer aproveitar legitimamente o momento para dar notoriedade ao seu trabalho, às suas equipas e às suas instituições. No mundo em que vivemos a notoriedade é mais fácil de atingir quando se diverge do que quando se converge. Por isso se divergetanto, se acentuam as pequenas diferenças e se fazem parangonas de meras hipóteses. Todos os dias me recordo da lição moral do célebre conto “Pedro e o lobo”.
Daqui não viria mal ao mundo, não fosse o atiçar desproporcionado do medo, da incerteza e da desconfiança que provocam. Devíamos ter a humildade de refletir sobre tudo, mas só afirmar sobre aquilo que realmente sabemos. Falar-se-ia menos da pandemia, mas todos teríamos uma noção mais focada daquilo que está em jogo. Até amanhã, com muito bom senso e saúde para todos.
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