Rio 2016 - O Elogio da Diferença
2016/08/22 14:47
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Chegaram ao fim as trigésimas
-primeiras Olimpíadas da era moderna, realizadas na cidade do Rio de Janeiro,
no Brasil. Na perspetiva em que as pude seguir, com os filtros normais da
comunicação que fui recebendo, constituíram um inegável sucesso e uma
demonstração de diversidade e de identidade que foram muito saudáveis para o
futuro do mundo.
Daqui a quatro anos, em
Tóquio 2020 teremos certamente umas Olimpíadas com uma organização milimétrica,
com falhas mínimas, onde se espera seja adotada uma nova geração tecnológica,
designadamente as redes de comunicação de quinta geração na sua plenitude.
Os jogos japoneses serão
o reflexo natural de um povo com uma cultura de racionalização e otimização muito
marcadas, tal como os jogos brasileiros refletiram a irreverência da latinidade
temperada por um caldo de culturas miscigenadas, tão bem representadas nas
alegorias de abertura e encerramento.
Um dos riscos da
globalização é apagar a riqueza da diferença e o orgulho na especificidade de
cada região e de cada povo e conduzir à prevalência dos estereótipos impostos
pelos padrões da comunicação dominante.
Por razões que não
tiveram a ver com as Olimpíadas, tive a oportunidade de viajar durante uma
semana pelo Brasil no mesmo período em que o Rio 2016 estava a arrancar.
Deparei-me no inicio
com um enorme desencanto, não apenas pela situação económica e política difícil
que o Brasil atravessa, mas também pela sensação, agitada pelas críticas
nalguma imprensa internacional, de que o Brasil não estaria à altura de
organizar com sucesso o maior evento desportivo do planeta. Combati essa ideia
junto das pessoas com que falava, explicando a enorme oportunidade de afirmação
pela diferença que os jogos constituíam.
Há medida que os dias
iam passando a atitude ia mudando. Muitos brasileiros começaram a vestir a
camisola do País e a camisola dos jogos. Algumas medalhas ajudaram a reforçar a
confiança. O ouro no Futebol frente à Alemanha fez transbordar o orgulho,
embora eu já lá não estivesse para poder testemunhar ao vivo esse momento alto.
As Olimpíadas do
Rio2016 contêm uma lição determinante. Não há nem pode haver uma única forma mecânica
e oficial de fazer as coisas acontecerem. Cada povo deve ter orgulho da sua
cultura e usá-la para se diferenciar e vencer. O Brasil conseguiu à sua
maneira. Merece o nosso elogio.
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