O "Resgate" Espanhol
2012/06/10 09:35
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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O Resgate Espanhol é a primeira operação de ajuda externa a um País do EURO que parece não conter esse vírus mortal e viciante que se designa por austeridade e que na prática se traduz por drenagem financeira, asfixia e empobrecimento da vítima.
É uma boa notícia relativa para Espanha e para a Europa e é também uma boa notícia para Portugal. Mais liquidez em Espanha só nos pode fazer bem. É também uma boa notícia para a Grécia que em vésperas de eleições (no momento em que escrevo) antevê outro caminho e para a Irlanda que se apressou a pedir iguais premissas para o seu resgate.
E Portugal? Além da liquidez espanhola ganharemos mais alguma coisa com a nova perspectiva europeia imposta por Hollande e Monti à Chanceler de Berlim? Tudo levaria a crer que sim não se desse o caso do compromisso de Coelho e Gaspar não ser um estado de necessidade mas antes uma obsessão ideológica (patológica?).
Já sei que muitos vão dizer que o Memorando foi assinado pelo PS sob pressão da Troika e da maioria PSD/CDS já em ascensão ao pote. Foi, mas em estado de grande necessidade e sem apoio interno e externo para fazer diferente. Entretanto o Memorando já sofreu vastas alterações. Não é intocável. Pode e deve ser adaptado às circunstâncias.
Faz por isso todo o sentido que a oposição responsável e os actores sociais questionem o governo sobre que conclusão extrai do Resgate (ou empréstimo condicionado) feito pelo Fundo Europeu de Equilíbrio Financeiro ao Fundo Espanhol de Capitalização Bancária.
Parte do nosso resgate também foi para capitalização e tem austeridade na fórmula. Porque razão não exigimos mais um ano para cumprir as metas do Memorando sobretudo quando ao nosso vimos ser assinados memorandos mais inteligentes e com condições mais vantajosas?
Os estóicos, com Passos Coelho á cabeça, dirão que afrouxar a austeridade é uma pieguice, que é preciso ter paciência e que quem estiver mal deve emigrar. Mas quem não estiver viciado ou agarrado à austeridade como ideia política solitária deve dizer bem alto que o rei vai nu. Não temos que ser beneficiados em relação aos outros mas também não podemos ser os derradeiros seguidores amestrados duma escolha errada. Honrar o Memorando sempre. Aceitar o caminho das pedras para o cumprir é uma flagelação desnecessária para o nosso povo e para a nossa economia.
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