Paz e Guerra
A União Europeia (UE), cujas raízes remontam ao Tratado que criou a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) assinado em Paris em 18 de abril de 1951 pela Alemanha Ocidental, a França, a Bélgica, a Itália, os Países Baixos e o Luxemburgo, é uma aliança para a paz, que sucedeu com maior sucesso e longevidade, a muitas outras alianças que tinham sido antes estabelecidas com o mesmo objetivo.
A marca de água do ciclo iniciado na CECA e que com avanços e recuos nos levou até ao que é hoje a UE, enquanto aliança para a paz, decorre de ter ido além do instável equilíbrio do poder ou da volátil preferência dos povos, ou de quem os lidera em cada momento, e ter feito da interdependência um instrumento fundamental do seu sucesso.O facto de a parceria ter como base uma articulação em torno de dois dos fatores essenciais à guerra, o carvão e o aço, mostra bem a valorização da interdependência enquanto estratégia de paz.
A estratégia da UE Para garantir a paz nas suas fronteiras, tem-se baseado numa combinação bem-sucedida de coesão de valores e interesses e dissuasão das ameaças externas. A coesão de valores e interesses tem por alicerce a perceção partilhada de que o Estado de Direito, a liberdade, a democracia e o pluralismo constituem o contexto mais favorável ao desenvolvimento comum, ao bem-estar dos povos e ao progresso de cada Estado -membro em particular. A dissuasão de ameaças externas tem sidogarantida através da combinação da diplomacia conjunta e do recurso à proteção assegurada pelas potências com valores e interesses similares, em particular pelo designado guarda-chuva americano.
A agressão militar da Federação Russa à Ucrânia desafiou fortemente a estabilidade dos pilares garantes na paz na UE, porque é uma ação que começando pela Ucrânia ameaça outros territórios do Continente, desrespeitando a soberania, o direito internacional evisando destruir os valores da liberdade, da democracia e da auto -determinação dos povos através de uma visão imperialista e totalitária. Evidenciou também a necessidade de a União garantir autonomia estratégica na sua segurança e defesa e no apoio aos Países sob ataque ou em risco de agressão futura.
A criação em curso de um instrumento para contratação pública colaborativa envolvendo parcerias de Estados membros, para reforçar a competitividade da indústria europeia de defesa é uma semente de uma nova estratégia para manter os pilares da paz. Coesão pelos valores e interesses e dissuasão pela capacidade tecnológica, é um caminho sólido para conquistar a paz em tempo de guerra.