Assim falou Francisco
2013/08/03 18:05
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Na calorosa homilia que juntou 3 milhões
de pessoas em Copacabana (Rio de Janeiro), no final das Jornadas Mundiais da
Juventude, o Papa Francisco apelou aos jovens para que sejam agentes activos da
mudança e protagonistas do seu futuro.
“Tendes o futuro e sois o futuro, sede
protagonistas da mudança”, proclamou um Pedro inconformado com os caminhos da
humanidade. E aos seus pediu para servirem e serem mais próximos das pessoas e
dos seus problemas, mais abertos às chagas do mundo para serem parte da sua
cura. A igreja tem que se reformar em permanência para responder aos desafios
da sociedade.
Aos políticos fez o desafio supremo; que sejam
capazes de reabilitar a política como a defesa do bem comum e a todos pediu
para “não se excluírem nem se deixarem excluir”.
Ao apelar a uma igreja de ação, em vez
duma igreja estritamente contemplativa e de reflexão, Francisco percebeu melhor
do que ninguém o sentido dos tempos. Não se trata de misturar religião com política.
Trata-se de lutar por valores universais num tempo em que eles estão cada vez
mais capturados pelos grandes interesses económicos para quem as pessoas não
são mais do que fatores de produção e potencial lucro.
Ao pedir uma sociedade de justiça e não
uma sociedade de julgamento, um tempo de comunhão e não um tempo de intolerância,
Francisco afirmou-se como uma voz lúcida do nosso tempo. Não apenas uma voz
religiosa lúcida, mas uma voz humana que encarna a libertação de cada um e sua
realização no mundo.
Muitos contrapõem que Mário Bertoglio é
um conservador nos costumes. O relato do que escreveu e pensou comprova esta
tese, mas a suprema sublimação é que Mário soube entender que não é Francisco.
Francisco foi escolhido não para ser
Mário mas para usar o anel do amor supremo. Compreende e chama para junto de si
mesmo os que não pensam como ele, para “destruírem as barreiras do egoísmo, da
intolerância e do ódio e construírem um mundo novo”.
António Aleixo escreveu um dia; “Vós que lá do vosso império, proclamais
um mundo novo, calai-vos que pode o povo, querer um mundo novo a sério”.
Francisco não proclama um mundo novo.
Ele acredita que cada homem e cada mulher tomando o mundo nas suas mãos podem
mudar o seu destino e o destino da humanidade.
Assim falou Francisco. E nós? Não vamos
escutar? Vamos continuar o queixume dolente? Ou vamos para a luta? Eu já lá
estou.
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