Greta e o Alentejo
2019/10/19 09:14
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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A jovem estudante sueca Greta Thunberg, com apenas 16 anos, iniciou um movimento global de ação contra a emergência climática, fazendo greve às aulas uma vez por semana para protestar contra as práticas que conduziram à crise climática. A sua ação tornou-se viral e inspirou milhões de jovens por todo o planeta. Foi recebida e ouvida nas Nações Unidas e nomeada para o prémio Nobel.
Assertiva e polémica, a jovem sueca que sofre da síndroma de Asperger (vulgo autismo)não é uma figura consensual. Foi objeto de múltiplos ataques e desconfianças em relação às suas motivações, ao mesmo tempo que concitou também muitos apoios. Cumpriu assim um papel essencial, ao colocar o debate das alterações climáticas como um tema cada vez mais central e vivo no debate político, económico e social à escala global.
A consciência da emergência climática e dos riscos a ela associados foi ganhando nos últimos anos profundidade nas sociedades. A dimensão do problema não permite que cada um de nós exija “a quem de direito” a sua resolução, porque “quem de direito” ou dizendo melhor, “quem de dever” em última análise somos todos nós.
E o que é que o Alentejo tem a ver com Greta Thunberg? Não obstante a grande promoção de imagem que temos feito da nossa região, acredito que a jovem sueca não saiba onde fica e como é a nossa belíssima região. Uma região que tendo um bom nível de preservação e sustentabilidade, é fortemente ameaçada pelas alterações climáticas que não reconhecem fronteiras nem limites territoriais, com reflexo imediato no perigo de escassez de recursos hídricos e de desertificação e de danos causados pela subida do nível das águas na sua linha de costa.
A resposta à emergência climática tem que ser por isso feita da soma de contributos em todas as partes do globo com benefícios cruzados e interligados. Os contributos dos jovens e dos menos jovens mobilizados por Greta, sobretudo se traduzidos em ações concretas de descarbonização, contam para a mitigação dos riscos no Alentejo, assim como tudo aquilo que aqui fizermos, contribuirá para a mitigação global do problema.
Recentemente, no âmbito do Programa Nacional de Energia e Clima e do roteiro para a descarbonização, o Programa Operacional do Alentejo abriu um concurso dotado de 5 milhões de euros para projetos de melhoria da eficiência energética nas Instituições Particulares de Solidariedade Social. Cito-o como exemplo do que tem que ser feito e alargado a muitos outros atores e protagonistas. Com uma transição energética inteligente ganhamos nós e ganha o planeta.
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