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Um Homem Bom (Homenagem singela a Diogo Vasconcelos)

A notícia cortou-me a madrugada ao meio. Um amigo comum tão atordoado como eu dizia-me incrédulo - Ele morreu! Ele morreu agora em Londres. A morte dele foi totalmente inesperada. Quarenta e três anos cheios de vitalidade, projectos, entusiasmo. Morreu em Londres, a sua cidade global, irmã gémea do seu Porto natal. Morreu como um cidadão do mundo com fortes raízes em Portugal e na sua cidade.

Nunca estivemos do mesmo lado da barricada e no entanto estivemos sempre lado a lado na partilha duma visão de futuro com mais oportunidades, melhor qualidade de vida, mais proximidade e melhor uso das tecnologias para tornar as pessoas mais felizes e as comunidades mais robustas.

Ele era militante do PSD onde chegou a ser Vice-Presidente, deputado e responsável governamental no inicio da década e eu sou militante do PS, também com múltiplas funções parlamentares e governamentais, mas convergimos sempre na ideia essencial de que a sociedade da informação e do conhecimento pode ser uma oportunidade para o mundo e para Portugal, se vista com sentido ético, iniciativa, inclusividade e capacidade empreendedora.

Entre meados de 2002 e o inicio de 2005 segui com agrado o seu desempenho como Presidente da Unidade de Missão para a Sociedade da Informação, depois transformada em Agência para o Conhecimento e senti a forte responsabilidade de dar lhe um novo impulso e alargar o seu âmbito no quadro do Plano Tecnológico.

Quando o diário Público titulou a chamada de primeira página sobre o seu desaparecimento, escrevendo “morreu um defensor do Plano Tecnológico” veio-me à memória um misto de gratidão e de comoção. Ele foi mais que um defensor do Plano Tecnológico. Ele incarnou o espírito do Plano Tecnológico em tudo o que fez em Portugal e no Mundo. Felizmente não foi só ele e muitos dos que com ele defenderam uma nova agenda de inovação, continuam entre nós e estou certo redobrarão agora o seu entusiasmo, não para suprir a sua falta, mas para respeitar e homenagear o seu legado.

Nos últimos anos abraçou uma missão extraordinária como porta-voz global da nova sociedade em rede. Por todos os sítios por onde passei me falavam dele com admiração, respeito e elogio. Era o nosso “Mourinho” das Tecnologias da Informação, de todos conhecido e por todos reconhecido.

Tal como Mourinho trouxe ao futebol uma nova perspectiva integrada e criativa própria de um povo de pioneiros e visionários, também ele levou às dinâmicas tecnológicas uma perspectiva fresca, não deslumbrada, focada nos objectivos de usar as tecnologias como ferramentas para um mundo melhor.

Partiu. A ordem com que partimos tem pouco a ver com o mérito, o valor ou qualidade como vivemos. A diferença está na forma como somos lembrados.

Diogo Vasconcelos (1968 – 2011) será lembrado como um homem bom e como uma mente brilhante. É missão dos que tiveram o privilégio de com ele aprender e partilhar conhecimento, ambição e saber, não deixarem apagar a chama que ele acendeu forte e viva enquanto viveu.
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