Socialistas e Europeístas
2016/06/11 22:38
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
| Link permanente
O XXI Congresso do Partido Socialista que decorreu em Lisboa entre 3 e
5 de Junho foi muito rico no debate ideológico que suscitou sobre a relação
entre a concretização do programa progressista do PS e os seus compromissos e
prioridades enquanto Partido europeísta.
Pacheco Pereira, convidado a participar no debate sobre o futuro do
socialismo democrático e da social-democracia, criou as condições para um
debate profundo e profícuo, afirmando que na sua opinião é impossível por em
prática um projeto socialista ou social-democrata num País da Zona Euro, enquanto
vigorar o atual Tratado Orçamental.
Embalado por esta tese, um militante
“lembrou” na sua intervenção que PS é uma sigla para Partido Socialista e não
para Partido Europeísta. Para mim, o PS é um Partido Socialista e Europeísta e
as duas coisas estão fortemente ligadas na tradição, na história e na prática
política.
António Costa na sua intervenção de encerramento do Congresso foi muito
claro ao afirmar que a concretização de políticas socialistas e social
-democratas em Portugal só é possível se ao mesmo tempo o País estiver
profundamente envolvido no processo europeu. Não posso estar mais de acordo.
Embora a política tenha que ter cada vez mais uma componente de
proximidade, envolvimento e resolução dos problemas concretos das pessoas, a
condução estratégica de um País e de um Partido exige uma visão mais alargada e
uma compreensão das dinâmicas do mundo global em que nos inserimos.
Portugal é um País plataforma que se afirma na sua múltipla relação com
a Europa, com a África e com a América. Somos um farol atlântico que sinaliza
importantes relações geopolíticas e geoestratégicas.
O nosso esforço pela
mudança de prioridades nas políticas europeias, interage e completa-se com o
esforço que fazemos para ajudar a consolidar ou para apelar à consolidação da
democracia nos Países da Comunidade de Povos de Língua Oficial Portuguesa.
É da Europa que partimos e à Europa que sempre regressamos. Na Europa
poderemos ser o que a nossa ambição e talento nos permitir. Fora dela seremos
uma periferia ou uma jangada sem rumo. Durante os quatro anos de governação
PSD/PP, Portugal desistiu de si mesmo e tornou-se um protetorado da União
Europeia.
Com o atual governo recuperou a confiança, a voz e a atitude. Somos
europeus e o que democraticamente quisermos ser. Os Tratados são compromissos
que têm que ser cumpridos, mas podem ser alterados. Ser Socialista e Europeísta
é fazer parte de um espaço dinâmico que se transforma todos os dias, e
participar ativamente no seu processo de transformação. Socialistas e
Europeístas. Uma boa combinação.
Comentários