A cultura do “deixa andar”
2018/12/09 10:23
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Há bem mais de um ano, quando foi anunciada a calendarização das cidades europeias da cultura para a próxima década e se soube que a Portugal caberia uma dessas distinções a atribuir a uma das suas cidades em 2027, lancei neste espaço o repto para que a Câmara Municipal de Évora (CME) dinamizasse juntamente com as outras instituições da cidade, do concelho e da região, uma plataforma com a sociedade civil para preparar de forma participada uma candidatura forte, inclusiva e ganhadora.
Fui então informado que já havia sido assinado um protocolo entre a CM, a Universidade de Évora e a Fundação Eugénio de Almeida com esse objetivo, o que relevei como um sinal muito positivo.
Contudo, ao ver o tempo passar, as cidades concorrentes anunciarem patronos de relevo e planos ambiciosos voltei à carga. Algum tempo depois tive notícia da apresentação pública da intenção de candidatura no salão internacional do património cultural em Paris e mais tarde que me tenha apercebido, a assinatura de um protocolo de assistência técnica com a Entidade Regional de Turismo e a promoção no evento no quadro de festivais de curtas metragens documentais.
Braga é a cidade europeia do desporto 2018. Lisboa será a cidade verde europeia 2020. A propósito deste galardão apresentei recentemente várias emendas a uma resolução do Parlamento Europeu que propõe que 2020 seja o ano europeu das cidades verdes, potenciando assim o reconhecimento atribuído à nossa capital.
E Évora? Como gostaria de poder usar o meu mandato para apoiar o projeto duma terra que me viu crescer e de muito me orgulho, mas a informação que me chega é sempre indireta e escassa. Recentemente a vereadora do PS Elsa Teigão deu conta nas redes sociais do resultado de perguntas feitas à câmara municipal sobre o sistemático adiamento de iniciativas previstas. Segundo aquilo que reportou publicamente, a Câmara terá dito que haverá datas mais oportunas para essas iniciativas.
Não sei quais os critérios de oportunidade na CME. O que sei é que as outras cidades concorrentes demonstram muito mais pro-atividade e dinâmica. Espero que tudo acabe bem, mas se acabar mal que não se venha a CME justificar com a Administração Central ou qualquer outra circunstância. Até agora Évora, pela atitude revelada pelo seu Município, parece mais candidata a capital da cultura do “deixa andar” do que uma candidata convicta a ser capital europeia da cultura 2027.
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