O Quarto D (Pela Dignidade)
2015/04/25 19:17
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Assinala-se por estes dias o
quadragésimo primeiro aniversário da Revolução de Abril. Em Novembro fará 40
anos que a democracia se consolidou em Portugal. Quarenta anos que se iniciaram
com um programa forte de mobilização traduzido nos 3 D de Democracia, Desenvolvimento
e Descolonização.
Sobre cada um destes D já muito se
escreveu. Cada um deles (o D de Descolonização evoluiu alguns anos depois para
outro D mal amado, o D da Descentralização) está em permanente avaliação e
todos já viveram melhores dias.
Os D de Abril estão hoje ameaçados pela
pobreza e pela desigualdade. Em sentido genérico somos uma democracia,
desenvolvida e aberta, mas precisamos com urgência de cuidar de um novo D que
pode pôr em causa tudo o que conquistámos. Temos que garantir a Dignidade das
pessoas e a sua inclusão em comunidades e projetos de vida com sentido.
Tinha 14 anos quando aconteceu Abril. O
que me recordo do tempo anterior é da névoa e do medo com que tudo era dito ou
comentado. Das críticas ao regime ditas como sussurros, das entrelinhas, das
desesperanças, da mesquinhez. É essa névoa que o frentismo austero das públicas
virtudes e vícios privados que é marca de água de quem nos governa, voltou a
estender sobre a nossa terra. É essa névoa que temos que romper com credibilidade
e determinação.
A revolução abriu-nos as portas da
integração europeia. Uma Europa hoje amarrada aos modelos em que as finanças se
sobrepõem à felicidade a o bem-estar das pessoas. É nessa Europa que temos que
lutar pelo quarto D de Abril. Pela Dignidade da soberania solidária, do combate
à pobreza, do crescimento verde, inteligente e inclusivo.
Não podemos ser submissos como é este
Governo. Não podemos ser omissos como tem sido o Governo Grego na sua
incapacidade de encontrar uma resposta de mudança no quadro duma leitura
soberana dos Tratados. Temos que ser dignos. Dignos do nosso passado e do
futuro que queremos. Dignos em nós mesmos.
É a garantia da Dignidade a medida mais
certa para avaliar por onde mudar o ciclo nas próximas eleições e desse ponto
de vista o quadro macroeconómico que o PS adotou como base para elaborar o seu
programa é um bom exemplo.
Fazer política para e com as pessoas para
cumprir as contas, porque para acertar contas com as pessoas já nos bastaram
estes quatro anos de liberalismo murcho.
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