Contraste
2014/04/19 09:32
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Vivemos tempos de contraste. A alegria
da liberdade e do progresso que fizemos nos últimos quarenta anos contrasta com
a tristeza do abandono a que o atual governo votou o espirito de Abril. Ao
mesmo tempo a alegria da celebração do dia do trabalhador contrasta com o
desemprego, com a desqualificação e com a emigração forçada de muitos dos
nossos trabalhadores.
Dedico por isso este texto a um
contraste, ainda que um contraste diferente. Escreverei sobre uma razão de indignação
e sobre uma razão de esperança.
Resisti a escrever sobre a indignidade
que é um Governo cortar nas horas extraordinárias que permitem ter as Viaturas
Médicas de Emergência (VMERS) operacionais 24 sobre 24 horas. Estão em jogo
vidas. É inaceitável que as vidas sejam consideradas “gorduras” onde se pode
poupar. O que tem sucedido com as VMERS em Portugal levaria em qualquer País
com a democracia mais madura à demissão do Ministro da Saúde. Aqui todos
assobiam para o lado. As famílias dos que partiram ficarão para sempre com a
mágoa de que muito ficou por fazer para salvar os seus entes queridos.
A reforma da emergência médica foi uma
verdadeira reforma e não um corte, realizado com grande coragem e brilhantismo
pelo Ministro Correia de Campos. Essa reforma permitiu até hoje salvar muitas
vidas. Espero que o governo tenha ao menos aprendido a lição com a sucessão
recente de falhanços no sistema de emergência resultante dos cortes cegos nos
meios disponíveis.
Mas nem tudo são más noticias. Portugal
foi o país pioneiro na criação de condições para a promoção da mobilidade
elétrica e dos veículos elétricos. Com uma capacidade de produção de cerca de
90% da nossa eletricidade com os nossos recursos endógenos e renováveis e 100%
dependentes da importação de combustíveis fósseis essa aposta fez e faz todo o
sentido.
Durante as minhas funções como
secretário de Estado da Energia e da Inovação apoiei o mais que me foi possível
esta linha de progresso. Uma indústria limpa, inovadora, com incorporação de
tecnologia nacional, criadora de emprego e de riqueza e capaz de substituir importações,
não pode deixar de ser uma prioridade.
O
atual Governo abandonou o trabalho feito, perdeu a vantagem da liderança e até
mesmo uma fábrica de baterias da Renault / Nissan em Aveiro que significava um
investimento de 200 milhões de Euros e centenas de postos de trabalho.
A boa notícia é que três anos perdidos
depois, o Governo volta a apostar na Mobilidade Elétrica. Olhemos em frente. A
importância desta prioridade é tanta que não vale a pena chorar sobre o leite
derramado e o tempo perdido. Força caro Jorge Moreira da Silva. Este é daqueles
momentos em que se tiveres força e determinação podes fazer a diferença. E com
isso ganharemos todos.
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