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Àfrica "Minha"




Vivi parte significativa da minha infância e início de adolescência em África (Moçambique e Angola). Quem viveu em África nunca mais deixa de ter consigo a marca da vastidão, das cores, dos cheiros e dos sons duma terra abençoada.

 

Nas minhas Funções Parlamentares voltei entre 10 e 15 de Junho a África, mais propriamente à Namíbia, para participar em Windhoek na 31ª Assembleia Parlamentar entre a União Europeia e os Países ACP (África, Caraíbas e Pacífico). A vida profissional e política tem-me permitido voltar a África com alguma regularidade. Em boa verdade, às diversas “áfricas”, com caraterísticas regionais bem diferenciadas, que constituem o grande continente africano.

 

 O mosaico africano é hoje uma terra paradoxal. O continente do futuro segundo muitos, mas ao mesmo tempo um continente amarrado pela ganância global pela exploração dos seus recursos e pelas fragilidades locais na defesa desses recursos.

 

Os debates principais ocorridos na Assembleia de Windhoek refletiram bem os principais paradoxos que afligem hoje o continente. As migrações forçadas pela guerra ou pelas mudanças climáticas. A tendência para a perpetuação dos altos dirigentes no poder, alterando em muitos casos os limites constitucionais dos mandatos. A fragilidade das sociedades civis que impede uma governação mais participativa. A falta de qualificação da maioria da população e a extrema desigualdade entre os ricos e os pobres no acesso aos bens necessários a uma vida digna. A dependência extrema das economias em relação à exportação de matérias-primas num processo controlado por empresas multinacionais.

 

No contexto da participação nos trabalhos da Assembleia, pude realizar duas visitas a projetos apoiados pela União Europeia, cujo contraste ilustra bem a realidade paradoxal que referi antes, mesmo sendo a Namíbia um dos países com melhores indicadores de desenvolvimento em todo o Continente.

 

Na Universidade de Ciências e Tecnologias da Namíbia assisti ao despontar de interessantes projetos de adaptação das energias renováveis à realidade africana, que podem permitir levar energia a populações dispersas e melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas. Na clinica de Okuryangava verifiquei como 3 médicos com recursos mínimos procuravam responder à má nutrição infantil que atinge um quarto das crianças e ao desespero de milhares de mães sem recursos para alimentar os seus filhos, com a agravante de muitas delas portadoras do Vírus da Sida.

 

Quer na Universidade quer na Clínica, no meio da esperança ou da adversidade, encontrei sempre olhares profundos e densos, projetados na lonjura e agarrados ao momento. Olhares paradoxais, mas cheios de luz. África “Minha”.

        

 

       
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