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Refugiados, nós?




 

A força das imagens e das desgraças humanitárias que elas transmitem trouxeram o grande êxodo dos povos de Estados falhados para a União Europeia, para o topo do debate em Portugal e em toda a Europa. Um debate que deve ser feito com honestidade, secura de palavras ocas e foco nas ações concretas.

 

Abordar o tema dos refugiados não é fácil. Primeiro ninguém com coração consegue fazer uma leitura estritamente racional do fenómeno. Depois o drama de cada refugiado contém em si o drama de toda a humanidade. Finalmente são múltiplos os tipos de refugiados. Novos, velhos, mulheres, homens, crianças.

 

 Nas grandes vagas pululam refugiados políticos, económicos ou instrumentalizados pelo negócio das grandes migrações. Existem ainda os refugiados que ainda não puderam sair do abismo. Refugiados na sua própria terra, que são a maioria e antecipam novas migrações forçadas se os factos que desenraízam as pessoas não forem corrigidos.

 

Cada refugiado é nosso irmão mas é a humanidade que está em jogo. Por muito que isso nos custe, temos que nos focar em dois pontos. Em ajudar cada pessoa como se fosse nosso irmão e mudar as práticas globais que conduziram a este descalabro.

 

Importa lembrar que chegámos aqui porque a globalização centrada nos negócios e não nas pessoas destruiu nações e comunidades para melhor as rapinar e colocou o planeta numa tremenda rota de insustentabilidade.

 

O resultado está à vista. Os criadores do modelo estão podres de ricos nos seus condomínios reservados, e cada vez mais pobres e desvalidos vagueiam pelo mundo em busca de uma gota de esperança.

 

Entre os dois polos, uma classe média sensível mas cada vez mais frágil tenta acudir aos desvalidos ao mesmo tempo que vai perdendo energia para tomar democraticamente as rédeas do poder e fazer diferente.    

 

Nos últimos dias tenho ouvido muita gente reagir à crise dos refugiados e às situações angustiantes que ela reporta dizendo – é por isto que eu não voto! Participação cívica para quê, se chegamos a este estado de coisas?

 

A minha convicção é a contrária. Devemos ser solidários e ajudar o mais que nos for possível os que estão a sofrer, mas para resolver o que provoca tudo isto, temos de fazer escolhas exigentes e assumir o protagonismo da mudança na forma de governar e de definir prioridades. Isto é verdade para a escala das grandes potências e das grandes organizações, mas também para a escala dos países médios como Portugal ou para a escala de cada Freguesia ou organização cívica.

 

 Se queremos ajudar os refugiados de hoje e de amanhã não nos podemos refugiar de nós no ato de decidir. De mudar. De fazer acontecer um mundo diferente e melhor organizado pelas pessoas e para as pessoas.    

 

 

 
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