O Dilema do Economista (face à complexidade)
2011/04/12 15:49
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Ainda que numa especialidade um pouco lateral (em concreto a gestão da informação), a minha formação profissional é de economista e como tal estou inscrito na respectiva ordem. A economia é assim a ciência e a pragmática da minha vida. Uma ciência e uma pragmática que são, nos dias de hoje, um dos saberes mais desgastados pela espuma dos dias.
A razão é simples. Vivemos tempos de complexidade e elevada incerteza. Em tempos como estes é errado projectar o futuro com base em experiências do passado. Um economista sólido monitoriza cenários e decide com flexibilidade, mas não pode prometer certezas.
A incerteza é uma grande fonte de mercado para os vendilhões de respostas simples baseadas em cartilhas dogmáticas, seja ela a cartilha neoliberal ou seja a cartilha do Estado patrão. As televisões estão cheias de economistas de pacotilha que se dizem e desdizem a cada dia e com desplante criticam os governantes, por terem que governar em contexto de turbulência e em função dela ajustar as políticas.
O dilema do economista dos dias de hoje é que se quiser falar verdade não pode garantir resultados ou modelos. Pode garantir valores, linhas de orientação, critérios de decisão, flexibilidade com base em objectivos, mas não certezas, oráculos ou romances sobre o futuro que constroem nas suas cabeças.
Ensinar ou comentar economia nos dias de hoje, mais do que opinar sobre cenários fantasiosos deveria ser sobretudo ensinar a pensar, a ler a realidade, a desenvolver sentido crítico, a compreender as dinâmicas económicas e as respostas que elas exigem. Mas não é isso que as televisões e os jornais compram. Preferem dar aos seus públicos doses preguiçosas de economia mastigada, requentada, pronta a usar e a rejeitar pela evidência seguinte.
Por falar em evidências, deparei-me recentemente com um pequeno livro publicado pela Actual, intitulado “Manifesto dos Economistas Aterrados”. Nesse manifesto 630 economistas desmontam as evidências mais basilares do pensamento único que nos tem conduzido á situação económica em que estamos na Europa e no mundo, onde mesmo nos países em que há crescimento, há ao mesmo tempo aumento das assimetrias, da injustiça e da insustentabilidade no uso dos recursos.
As evidências de que os “mercados financeiros são eficientes, favorecem o crescimento e avaliam bem a solvência dos Estados”, que “o aumento da dívida pública resulta de excesso de despesa e que transfere ónus para gerações futuras” ou que “a estabilidade dos mercados financeiros é uma condição para financiar a dívida e proteger o Estado Social” são desmontadas no manifesto, por vezes de forma simplista, mas sempre estimulante.
Temos demasiados economistas deslumbrados e economistas aterrados. Precisamos de economistas sólidos, concentrados, verdadeiros, capazes de explicar de forma simples os desafios da complexidade. Provavelmente estes não terão espaço mediático, mas essa é outra faceta do moderno dilema do economista.
A razão é simples. Vivemos tempos de complexidade e elevada incerteza. Em tempos como estes é errado projectar o futuro com base em experiências do passado. Um economista sólido monitoriza cenários e decide com flexibilidade, mas não pode prometer certezas.
A incerteza é uma grande fonte de mercado para os vendilhões de respostas simples baseadas em cartilhas dogmáticas, seja ela a cartilha neoliberal ou seja a cartilha do Estado patrão. As televisões estão cheias de economistas de pacotilha que se dizem e desdizem a cada dia e com desplante criticam os governantes, por terem que governar em contexto de turbulência e em função dela ajustar as políticas.
O dilema do economista dos dias de hoje é que se quiser falar verdade não pode garantir resultados ou modelos. Pode garantir valores, linhas de orientação, critérios de decisão, flexibilidade com base em objectivos, mas não certezas, oráculos ou romances sobre o futuro que constroem nas suas cabeças.
Ensinar ou comentar economia nos dias de hoje, mais do que opinar sobre cenários fantasiosos deveria ser sobretudo ensinar a pensar, a ler a realidade, a desenvolver sentido crítico, a compreender as dinâmicas económicas e as respostas que elas exigem. Mas não é isso que as televisões e os jornais compram. Preferem dar aos seus públicos doses preguiçosas de economia mastigada, requentada, pronta a usar e a rejeitar pela evidência seguinte.
Por falar em evidências, deparei-me recentemente com um pequeno livro publicado pela Actual, intitulado “Manifesto dos Economistas Aterrados”. Nesse manifesto 630 economistas desmontam as evidências mais basilares do pensamento único que nos tem conduzido á situação económica em que estamos na Europa e no mundo, onde mesmo nos países em que há crescimento, há ao mesmo tempo aumento das assimetrias, da injustiça e da insustentabilidade no uso dos recursos.
As evidências de que os “mercados financeiros são eficientes, favorecem o crescimento e avaliam bem a solvência dos Estados”, que “o aumento da dívida pública resulta de excesso de despesa e que transfere ónus para gerações futuras” ou que “a estabilidade dos mercados financeiros é uma condição para financiar a dívida e proteger o Estado Social” são desmontadas no manifesto, por vezes de forma simplista, mas sempre estimulante.
Temos demasiados economistas deslumbrados e economistas aterrados. Precisamos de economistas sólidos, concentrados, verdadeiros, capazes de explicar de forma simples os desafios da complexidade. Provavelmente estes não terão espaço mediático, mas essa é outra faceta do moderno dilema do economista.
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