A Partícula
O facto das noticias da guerra na Europa e das noticias com ela correlacionadas irem prevalecendo na abertura dos telejornais, dos noticiários, nas primeiras páginas e jornais e revistas e em grande quantidade nas redes sociais, aumentou o interesse e a curiosidade pela compreensão do fenómeno. Os escaparates das livrarias que nos vão restando estão cheios de livros sobre os diversos ângulos que nos explicam as razões do conflito, os seus antecedentes, as suas consequências e até alguns arriscados ensaios sobre o que poderá acontecer a seguir.
Sempre me fascinou ler narrativas históricas que, não obstante serem normalmente escritas pelos vencedores, nos ajudam a compreender donde vimos e para onde vamos, os erros que repetimos ciclicamente e também os momentos grandiosos em que a humanidade evoluiu no conhecimento, na sabedoria e na capacidade de coexistir em paz e procurar ser feliz.
Essas leituras, feitas agora com mais intensidade, não são motivo de grande otimismo. na Europa e no mundo. Hoje, como antigamente, a paz é mais um intervalo da guerra do que o seu contrário. A experiência de mais de 60 anos de paz nos territórios da União Europeia tem sido uma exceção que nos deve orgulhar, mas que apenas confirma a regra.
Tenho complementado estas leituras sobre história, sociologia, economia e política que de alguma forma se correlacionam com a desordem global que estamos a experienciar com outras mais futuristas, sobre a aceleração tecnológica e a capacidade de uma humanidade que não consegue parar de se massacrar entre si, progredir ao mesmo tempo de forma exponencial na ciência e no saber.
Morrem milhares de pessoas por hora de má nutrição, violência ou doenças simples ao mesmo tempo que temos medicamentos ou tratamentos de milhões para tornar possível salvar vidas que ainda há alguns meses seriam vidas perdidas. Ao mesmo tempo os algoritmos inteligentes compreendem e aprendem cada vez mais depressa. Nas últimas semanas debateu-se mesmo o caso de uma conversação entre um algoritmo e um humano, em que o primeiro insinuava sensações e impressões.
Continuo a achar que os Algoritmos por enquanto aprendem e compreendem, mas não sentem nem pensam. Se “sentem” e “pensam” é porque emulam os nossos modelos de sentir e de pensar e se assim for, se formos seres de paz estaremos a multiplicar as nossas possibilidades de ajudar a construir um mundo melhor, mas o contrário também é terrivelmente verdade. A nossa escolha é cada vez mais importante para o futuro do mundo. Quanto mais complexo ele é, mais conta nele a partícula que somos